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Evoluções do paraquedas – Parte 1

INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O PROCESSO EVOLUTIVO DOS PÁRA-QUEDAS, DESDE OS VELAMES 7 CÉLULAS AOS ATUAIS ELÍPTICOS DE ALTA PERFORMANCE, MOSTRAM QUE O PONTO DE PARTIDA PARA A AQUISIÇÃO DESTE EQUIPAMENTO É SABER ADEQUÁ-LO AS SUAS NECESSIDADES REAIS EM FUNÇÃO DE EXPERIÊNCIA, FREQÜÊNCIA DE SALTOS, ÁREA ONDE SALTA, ENTRE OUTROS FATORES.

Fonte: Desconhecida


Do primeiro velame redondo às “asas” atuais, pode-se observar uma acentuada evolução quanto à performance, materiais e tecnologia empregados. Os velames foram sofrendo melhorias graduais durante toda a história de seu desenvolvimento. Obviamente, um novo conceito, capaz de produzir uma performance até então inimaginável, revolucionária, não aconteceu de um dia para outro

Dois fatores são os responsáveis por este processo de evolução: tecnologia e mercado. Alguns exemplos do processo de evolução do pára-quedas vão desde os antigos, como os bons velames 7 células com materiais similares aos F111, tal qual o Cloud, até os atuais velames elípticos de alto desempenho, como os Velocity e Extreme.

Nos primeiros velames quadrados houve a tentativa de incorporar o conceito de asa, com seus efeitos aerodinâmicos, como a sustentação. Partindo do zero em conhecimento, muitos protótipos iniciaram seus vôos já com o conceito usado hoje, velame com duas camadas de tecido, abertas na frente (nariz) e fechadas atrás (cauda), no formato de células, mas usando o comprimento de linhas dos antigos redondos (6 m ou mais).
A absoluta instabilidade dessas primeiras tentativas de vôo com velames retangulares deram lugar a melhor estabilidade, graças ao encurtamento das linhas e à mudança do ângulo de ataque de vôo. A batalha seguinte foi diminuir a altíssima quantidade de panes em abertura, o que salientou a necessidade de introduzir o “fazer os freios” no momento da dobragem. Mesmo com melhoria considerável, o número de panes de abertura ainda era muito alto e teve solução com o surgimento de novos tecidos e com novas técnicas de construção e entendimento do funcionamento dos velames.

Em suma, os estudos empregados no desenho, construção e material empregados tiveram avanços técnicos e tecnológicos de forma que a cada passo foi possível obter melhorias e soluções de problemas. Até chegarmos a chamar os retangulares de velames “seguros”. Isso faz cerca de 15 anos.

No entanto, tanto desempenho quanto segurança são considerações relativas. Na primeira metade da década de 80, desempenho era o velame tendo algum deslocamento horizontal e uma razoável frenagem para pouso, enquanto que segurança estava relacionada ao índice de aberturas sem pane.

Hoje consideramos que a possibilidade de o velame não abrir e não pousar na área é remota, mesmo saltando de aeronaves com 20 pessoas de forma espaçada. Entra aqui o conceito de “mercado”, que pode ser resumido a como as necessidades e técnicas dos pára-quedistas demandam por soluções de novos problemas, levando-se em conta que problemas e soluções passados foram incorporados à prática do esporte.

Analisando o contexto social e econômico, no fim dos anos 80 o marketing passou a ser utilizado pelas empresas como ferramenta para conhecer clientes e buscar formas de criar produtos que atendam as suas necessidades e desejos.

Tais fatores também se fizeram sentir no pára-quedismo em vários aspectos, como no aumento do número de praticantes, que passaram a creditar mais segurança ao esporte (os velames não dão pane) e a vê-lo como um “produto” de lazer.

Sabre 2 – Perfomance Designs

O aumento do número de praticantes e o desenvolvimento técnico dos já existentes aumentaram a procura por velames personalizados (escolha de cores) e com maior desempenho em vôo.

Soma-se a isso a grande quantidade de áreas abertas nos EUA, operando com aeronaves maiores ou pequenas em vôos em formação, fazendo com que os PSs não fossem tão precisos e os velames precisassem se deslocar mais para pousar na área.

Estes são alguns dos fatores que explicam a entrada de novos fabricantes de velames no mercado e a tendência de alguns fabricantes já atuantes passarem a “entrar na onda”, desenvolvendo soluções para atender às necessidades de seus clientes. E não há como evitar a menção ao mais reconhecido fabricante da década de 90, a PD (Performance Designs de DeLand, FL, EUA), afinal, foi esta empresa que conseguiu introduzir no mercado uma série de velames exatamente alinhados às necessidades do esporte.

Fonte: PD Performance Designs


O relacionamento dos produtos PD com o mercado pára-quedista é tão íntimo, que não é possível saber qual das partes desse relacionamento sofreu maiores influências: não se sabe até que ponto os clientes influenciaram a PD no projeto de seus velames, assim como se tornou difícil precisar o quanto os novos velames da PD influenciaram no comportamento dos então pára-quedistas e de seus concorrentes.

O sucesso dos velames PD 9 células de tecido F111 foi devastador. A confiabilidade de abertura e desempenho aliados, na época, à personalização e prazos de entrega fizeram deste um grande sucesso de mercado.

Em 1989 a PD colocou no mercado um velame que facilitou significativamente o pouso, independentemente da técnica usada. Na fabricação do então lançamento Sabre foi utilizado o novo tecido P0 (porosidade zero) e um novo desenho. Além de maior facilidade no pouso o velame possibilitou maior deslocamento horizontal comparado a um PD 9 células de mesmo tamanho.

Vale aqui ressaltar a participação dos concorrentes da PD no mercado norte-americano, que ofereceram alguns modelos ótimos até mesmo melhores do que os da PD. Um exemplo de ótima performance é o Falcon (F111 da Precision) se comparado ao tradicional PD ou mesmo ao regular Monarch (PO retangular, também da Precision), embora ambos tenham aberturas fortes.

Também merecem destaque os excelentes velames em performance da Parachutes de France, os Blue Tracks.

Contudo, nosso distanciamento em relação ao mercado interno norte-americano nos impossibilita analisar certas questões, como o porquê da supremacia de vendas e participação de mercado da PD nos anos 90. Não sabemos como se inter-relacionavam os itens desempenho, qualidade, preço, prazo de entrega, propaganda, entre outros, no solo americano.

Tomando como ponto de vista o consumidor brasileiro, podemos dizer que nossa propensão cultural em sermos clientes formais dos produtos americanos aliada aos períodos de variação cambial entre a moeda francesa e a americana, deixaram, por vezes, os produtos franceses com valores muito acima aos dos americanos, nos fazendo acompanhar essa penetração da PD.
Ainda hoje esta marca é que possibilita maior facilidade de revenda em nosso país.

Alguns erros básicos cometidos com os PD 9 células causavam ferimentos quando se buscava os limites do velame.
Logo, o ganho na performance de pouso trazido pelo Sabre foi transformado pelos pára-quedistas, quase que imediatamente, em desempenho, ou melhor, em incremento de velocidade.

Isto foi obtido com a diminuição gradual do tamanho do velame em uso ou, em outras palavras, com o aumento da carga alar (tem um artigo falando só sobre esse assunto…), propiciando maior velocidade de aproximação. Tornou-se possível pousar percorrendo maiores distâncias rente ao solo. Isso não se deu pela característica de projeto do velame, mas sim pelo sub-dimencionamento de tamanho do velame.

Na época não havia conhecimento ou técnica apurada em velames de alta Performance, até então eles não existiam. O fato de o Sabre não ter sido desenhado como um velame para pousos radicais e sim para prover facilidade no pouso fez com que técnicas hoje consideradas pobres ou limitadas obtivessem resultados razoáveis.

Esse artigo continua na parte 2.

ARTIGO PUBLICADO NA AIR PRESS Nº 95
TEXTO: EMÍLIO CALDEIRA

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