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O DAA é Como Uma Máquina de Café

Fonte: Google

Recentemente, tive a oportunidade de conversar com um aluno recém formado que teve um DAA ativado, o que acabou em um cenário de dois velames abertos e bem perto do chão.

Por sorte, esse atleta saiu ileso.

Quando começamos a nos falar, eu comecei a pensar quantas pessoas poderiam se beneficiar dessa conversa. Então, estou aqui escrevendo esse texto, para conscientizar mais paraquedistas sobre a importância do DAA em nosso esporte.

Fonte: M2

Estudo de caso

Um atleta relativamente novo no esporte, voando um velame principal grande, teve o seu DAA disparado enquanto puxava um dos batoques agressivamente a mais ou menos 1200 pés. Só  para chegar mais rápido no chão. O DAA era um M2, no modo estudante e foi acionado corretamente na altura programada. Como a velocidade vertical deste atleta era maior durante as curvas com o batoque do que a velocidade limite do M2 (modo estudante), supresa! Agora ele tem um cenário de dois velames abertos a menos de 1000 pés.

Seu DAA e a Analogia da Máquina de Café 

“Seu DAA é como uma máquina de café.” Foi a primeira coisa que disse a ele. “Máquinas de café, assim como DAAs, tem 2 funções. Todos nós sabemos que a primeira delas é fazer café… No caso do DAA, é ativar o seu reserva, caso seja necessário, no momento certo. A segunda função da sua máquina de café, é não incendiar sua casa enquanto não estiver exercendo a primeira função. E o DAA? Não ativar quando não for necessário.”

As duas funções são proporcionalmente importantes, se uma delas falhar, as consequências são catastróficas. 

Fonte: Skydive Mag

Agora vamos abrir a unidade do seu DAA e ver o que achamos. O que está lá dentro? Essencialmente apenas uma calculadora bem avançada. É um dispositivo mecânico, com um computador de bordo que tem a função de medir mudanças na pressão do ar, calcular essas mudanças em altitude e velocidade (subindo ou descendo). Então, o DAA só tem uma decisão para tomar. Decidir se esses cálculos estão corretos ou excedem uma pré determinada velocidade de queda em uma certa altitude ou abaixo da mesma. Se esse for o caso, iniciar a ativação do seu velame reserva. 

O problema é que nós, paraquedistas, somos capazes de colocar os DAAs em cenários que podem gerar disparos involuntários ao invés de uma emergência. 

Exemplos

O cenário mais comum onde a casa pega fogo, digamos, é durante curvas de alta performance (swooping). Sem sombra de dúvidas, com os velames de alta performance fabricados hoje em dia, podendo alcançar velocidades que qualquer marca de DAA no modo “Expert ou PRO” dispararia. Como resultado desses disparos, a maioria das marcas de DAA no mercado tem um “Swoop Mode”, com o intuito de prevenir esse cenário. Mesmo assim, entra ano e sai ano, continuamos a ver disparos de DAA durante um swoop, causando acidentes graves muitas vezes. 

Before You Go Skydiving: What You Need to Know | Reader's Digest
Fonte: Readers Digest

Mesmo sabendo que isso pode acontecer, continuamos repetindo a mesma coisa. Então como isso continua acontecendo? Geralmente, um DAA multi-mode está configurado incorretamente.

Eu queria que tivesse outra maneira de dizer isso, mas não tem. Existe uma tendência crescente nos dias de hoje de ligar o DAA, não acompanhar a contagem e verificar se está no modo correto antes de continuar a checagem do equipamento. E isso já custou algumas vidas.

Saltar com um DAA no modo errado causa ativações involuntárias todos os anos. E não apenas swooping. Recentemente alguém me contou uma história de um instrutor de AFF que teve o DAA ativado. Estava no modo Wingsuit e ele começou a fazer curvas para pousar, quando de repente o velame reserva foi aberto. Ele sobreviveu, mas poderia ter sido muito pior.

Alive in Flight #AdventureVentures #MyWorldRegistry #HumanSpirit | Wingsuit  flying, Adventurous people, Flying squirrel
Fonte: Sfly

Voltando a história do começo deste texto. Como um atleta recém formado, às vezes nos dizem que temos que “saber apenas” como nos salvar neste começo. Nos ensinam a ligar o DAA, mas raramente somos expostos aos “porquês” das coisas. Sempre com um instrutor nos dizendo o que temos que fazer, sem explicar muita coisa. E com o passar do tempo, vamos sendo mais responsáveis por nossos equipamentos, checks e adquirimos conhecimento.

Em relação aos DAAs, aprendemos mais e mais sobre os modos: Student vs Pro/Expert – altitude de ativação – velocidade de ativação. Sabemos também que todo DAA no mercado é parecido, mas ao mesmo tempo, tem suas particularidades. Mas nem todo mundo entende como funcionam e quando essa responsabilidade como paraquedista deve ser assumida. 

Regrann from @oem_uk - Tube jump with some carving ninjas… | Flickr
Fonte: @oemuk

Se olharmos bem para o incidente descrito acima, pode ser resumido em falta de entendimento dos parâmetros do DAA sendo usado. No caso Student Mode.

Toda essa informação está disponível no site das fabricantes. 

Precisamos saber e entender que:

  • A informação existe
  • Onde achar essa informação
  • A responsabilidade é toda nossa de saber os parâmetros do equipamento que usamos.

Colocar um equipamento nas costas, não saber como funciona e ir saltar do avião. Releia essa frase. Somos responsáveis pela nossa segurança, mais ninguém. 

Student Mode (velame aberto) – modelo – altura ativação – velocidade 

  • Vigil: 1040 pés – 72kmh
  • Cypress 2 -1000 pés – 46kmh
  • M2 – 1100 pés – 46kmh

No caso acima, o DAA usado foi o M2. Então, se olharmos a altitude na qual ele iniciou as curvas com o batoque, 1200 pés. A janela de ativação do M2 começa a 1100 pés e vai até 195 pés. Ficou fácil de entender porque aconteceu esse disparo.
Agora se olharmos o manual – página 7, não só confirmamos a altitude de ativação para o Student Mode, mas logo depois conseguimos ver a seguinte informação:

A velocidade de aprox. 13m.s/46kmh também poderá ser atingida com um velame funcionando normalmente. Ou seja, um atleta com uma carga alar maior também poderia ativar esse DAA voando reto.

Friday Freakout: Skydiver's Reserve Bridle Entangled With Main Parachute -  YouTube
Fonte: You Tube

Eu pedi permissão a esse atleta para compartilhar essa história, pois achei que seria de grande valia para a nossa comunidade. São histórias assim, compartilhando dados como esses que podemos aprender e melhorar as estatísticas de segurança no nosso esporte. Se apenas uma pessoa abrir o manual do DAA após ler esse texto, é uma pessoa a mais em nossa comunidade que tem o conhecimento de como um DAA funciona. E é disso que a gente precisa.

Para concluir, sendo uma comunidade, devemos direcionar e compartilhar informações sobre equipamentos, neste caso, DAAs, como uma parte vital dos treinamentos e segurança no paraquedismo. 

Seja um disparo durante um swoop, wingsuit mode ou student, todos podem ser prevenidos, apenas entendendo os parâmetros dos DAAs que usamos. 

Se você não entende alguma coisa a respeito, pergunte a um rigger, mas o mínimo que você pode fazer é ler o manual e acompanhar a contagem quando for ligá-lo.

“Ah, mas os manuais são em inglês.” Temos vídeos em nosso canal no youtube onde falamos sobre vários assuntos, incluindo DAAs. Se ainda sim, tiver dúvidas, procure um instrutor capacitado ou mande uma mensagem para gente. Estamos sempre aqui para bater um papo. 

Os multi modes vieram como uma solução alternativa para quem pratica várias modalidades, mas não saber usar ou checar toda vez, pode ser que a solução se transforme em problema.

Esse artigo foi traduzido pelo um texto do Tom Nooman da UPT em um grupo do Facebook.

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