Carga alar, mais conhecido como wing loading, é o peso/massa distribuído por pés quadrados (sqft) do seu velame.
Neste artigo vamos falar sobre como calcular sua carga alar e também traremos alguns exemplos para que fique bem claro como isso afeta a performance de voo do seu velame. É muito importante saber a sua carga alar antes de saltar qualquer velame.
Como calcular a carga alar?
É muito fácil! Como os EUA são os criadores do paraquedismo civil, a medida usada é a libra (lbs). Mas relaxa que é tranquilo de fazer a conversão.
Peso de saída do avião: é o seu peso quando está todo equipado(a). Container, capacete, altímetro, macacão, tênis e tudo mais.
Tamanho do velame: como já sabemos, os velames são medidos por pés quadrados (Sqft).
Uma vez com esses números na mão, temos apenas que converter o peso de saída do avião para libras e dividir pelo tamanho do velame. Para converter, multiplique esse número por 2.2.
Peso de saída em Kg x 2.2/tamanho do velame
Exemplos:
Atleta 1:
Peso de saída: 85 kg Velame: 170 sqft
85 x 2.2 = 187 lbs
187/170 = 1.1 carga alar
Atleta 2:
Peso de saída: 105 kg Velame: 103 sqft
105 x 2.2 = 231lbs
231/103 = 2.2 carga alar
Ok, agora que sabe como calcular sua carga alar, qual a influência disso durante o meu salto?
Esse número é importante porque define como o velame vai reagir durante o voo. E o glide. Uma carga alar baixa por exemplo, como a do atleta número 1 acima, faz com que o velame voe devagar, mais dócil, sem mergulhar muito e com uma recuperação rápida durante as curvas. Uma ótima carga alar para iniciantes.
Quando a carga alar aumenta, tudo acontece mais rápido, o velame fica bem mais sensível aos comandos e requer muito mais experiência do piloto. Hoje em dia, nas competições de pilotagem de velames ou fazendo XRW (voo de velame ao lado dos wingsuits), vemos atletas com a carga alar acima de 3.0.
Classificação Carga Alar por NZ Aerosports
Classe 1 – 0.5 – 0.75 lbs/sqft – Aluno AFF
Essa carga alar é para alunos AFF que acabaram de começar. Você deve escolher essa classe caso esteja inseguro com suas habilidades, tenha um problema de saúde como dores nas costas, um joelho machucado ou algo do tipo. Facilmente afetado por turbulência. Limite de vento: 15 kts.
Classe 2 – 0.75 – 1.0 lbs/sqft – Aluno em Instrução
Recomendada para alunos que acabaram de se formar, ainda muito tranquilo de pilotar. Dócil, porém ainda afetado facilmente por turbulência.
Classe 3 – 1.0 – 1.4 lbs/sqft – Média
Quando atingimos essa faixa, a diversão começa de verdade. Você consegue ter um velame mais responsivo aos comandos e é nessa classe onde o aprendizado, a base de tudo começa a ser formada.
Geralmente é o velame em que o atleta salta por uns 200, 300 saltos dependendo da frequência, habilidades entre outros fatores.
As condições do vento já não são um problema tão grande.
É uma classe onde você pode começar a treinar várias coisas e ao mesmo tempo ter um velame dócil, mas trate com respeito.
Classe 4 – 1.4 – 1.8 lbs/sqft – Alta performance
Agora estamos dentro da zona de diversão e ao mesmo tempo entramos numa zona de perigo maior. A velocidade das curvas e do pouso aumenta, as coisas acontecem mais rápido. É onde começamos a trocar segurança por diversão.
Com essa carga alar, você tem que voar o velame desde a abertura até o chão. Você está no comando, o velame não te leva para casa, você quem o pilota. Como se fosse parte do seu corpo.
A turbulência afeta menos, mas lembre-se, como está mais rápido, as consequências são maiores.
Uma área de pouso pequena com superfície ruim, é considerada um obstáculo nessa classe, diferentemente das anteriores.
Pilotinho colapsável, slider colapsável são recomendados, assim como, abrir o tirante de peito após os checks de abertura.
Classe 5 – 1.8 – 2.4 lbs/sqft – Extreme
Essa carga alar não é para qualquer um. Frequência de saltos, experiência de área e analisar todos os aspectos é fundamental. A resposta do velame é imediata em velocidades bem altas. A margem de erro é quase zero, juntamente com tudo acontecendo muito rápido. Você tem que estar dois passos à frente de todas as situações.
A maioria dos atletas que vemos voando velames dessa classe, não voam até o limite da performance. Esses atletas provavelmente estariam se divertindo bem mais se estivessem voando um velame da classe 4, com muito mais segurança.
Passar de um velame da classe 4 para a classe 5 é um passo grande em termos de características de voo e deve ser acompanhado por instrutores e pilotos de velames mais experientes.
Pilotinho colapsável, slider colapsável são recomendados, assim como, abrir o tirante de peito após os checks de abertura.
Classe 6 – 2.4+ – Balistica
Se você está considerando voar nessa classe, não precisa de nenhuma explicação. Você deve saber o que está fazendo já a algum tempo.
Conclusão
Agora que você já sabe um pouco mais sobre carga alar, devemos ter muito cuidado e respeito ao esporte antes de mudarmos para um velame menor. 90% dos casos, quando um atleta quer diminuir o tamanho do velame, mudar apenas a característica de voo é suficiente, sem necessidade de mudar o tamanho. Por exemplo, sair de um Safire 135 para um Crossfire 135. Só essa mudança já adiciona muita coisa e dá para aprender sem se arriscar tanto. As vezes vemos alguém ir de um Safire 135 para um Crossfire 119. Longa vida ao Skydive!
Bons saltos!
3 comentários em “O Que é Carga Alar?”
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