O seu equipamento é freefly friendly? E o da galera que você salta? Você sabe o que isso significa? Sabia disso quando comprou seu equipamento?
Neste artigo vamos explicar para você o que é um equipamento freefly friendly e o que devemos checar de tempos em tempos para nos manter seguros no céu.
No começo, os equipamentos de paraquedismo foram inventados para voar de barriga, ou seja, o equipamento era feito para ficar nas suas costas, sem exposição ao vento durante a queda livre. Não eram freefly friendly.
Lá pela década de 80/90, um cara chamado Olav Zipser (Father of Freefly) começou a experimentar o voo em outras posições e foi em 1994 que a The First School of Modern Skyflying foi aberta.
O conceito de freefly envolve voar em todos os eixos do seu corpo, por isso a progressão no céu ou no túnel é voar de barriga (belly), de costas (back flying), sit fly, head down.
Agora que você já entende um pouco mais, vamos falar dos equipamentos e o que os fazem ser freefly friendly.
Devido a evolução do esporte nas últimas décadas, a maioria dos equipamentos mais novos já vem de fábrica com todas as opções que permitem você a praticar o freefly, ou seja freefly friendly. Se for comprar um novo, você só tem que pedir o pilotinho com o punho igual a foto acima – freefly pud ou quando for a hora de comprar um pilotinho novo, já compra esse aí.
No Brasil, ainda existem muitos equipamentos antigos e é sempre bom saber o tipo de equipamento que você está usando e quais modalidades pretende praticar, principalmente se você ainda aluga. Se o equipamento que você está alugando não for freefly friendly, não corra o risco e faça apenas saltos de barriga.
Container Freefly Friendly
- Tamanho: um container que caiba em você direito é essencial. Tem que ser de acordo com a sua altura, peso e tipo de corpo. Como mencionado acima, você vai estar voando em eixos diferentes e o seu container tem que acompanhar o seu corpo. Se tiver um pouco folgado, ele pode mover para um lado e você para o outro e isso pode ser bem perigoso, principalmente durante as transições e durante a abertura. Veja a primeira foto deste artigo.
- Tirante de perna: uma solução muito simples e barata para que os seus tirantes de pernas não se movam muito durante o sit fly por exemplo, é colocar um elástico ou até mesmo um pedaço de fita (pull up cord). Se uma abertura prematura acontece, você vai se encontrar no céu sem nenhum paraquedas mais rápido do que imagina. Converse com um rigger, se o seu equipamento não tem os loops nos tirantes de perna, isso é um serviço fácil de ser feito. Esse elástico não adianta nada se o equipamento não estiver justo no corpo.
- Proteção dos pinos: tenha certeza que os flaps que cobrem o seu pino do reserva e do principal sejam fortes e não saiam facilmente com a exposição ao vento. Os saltos de freefly são rápidos, chegando a velocidades entre 240 – 300 km h. Já imaginou ter uma abertura prematura nessa velocidade? Preze pela sua segurança e a dos outros no céu. Os equipamentos antigos não possuem a opção de colocar o flap do reserva/principal para dentro, foto abaixo.
- BOC: BOC significa Bottom of Container. É o bolso onde você coloca o seu pilotinho principal e é importante que você sempre cheque o estado em que a BOC se encontra. Com o tempo e uso ela vai ficando mais folgada e com isso o pilotinho começa a se mover mais facilmente, adicione a exposição ao vento na velocidade de um salto de freefly e uma abertura prematura pode acontecer. Aproveitando que estamos falando dessa parte, qual tipo de punho você usa no pilotinho principal? Devido a exposição ao vento, um punho adequado é essencial. Troque a BOC uma vez que começar a ficar folgada ou demonstrar sinais de uso.
- Punhos e cobertura de tirante: Qual foi a última vez que checou o estado do velcro dos seus punhos de desconexão/reserva? Velcro desgasta com o tempo, sendo usado ou não, sempre bom ficar ligado. Se você salta em lugares com areia ou muita poeira, fique ligado.
Já saltou alguma vez e percebeu que aquela cobertura do tirante em cima dos seus ombros abre em queda livre? Isso também pode causar uma abertura prematura. Em alguns casos um Master Rigger consegue fazer uma alteração e colocar imãs, mas nem sempre é possível.
- Exposição da Bridle e tamanho do loop: A bridle (aquela fita que conecta o seu pilotinho ao seu velame principal) não pode estar exposta ao vento, nenhum pedaço dela. Os equipamentos antigos não tem o bolso para esconder a bridle, se esse for o seu caso, um master rigger pode ajudá-lo.
O tamanho do seu velame deve ser de acordo com o tamanho do seu container como falamos neste artigo. O tamanho do loop (aquele pedaço de corda que tem no seu container para fechá-lo) deve ser ajustado, leia o manual do fabricante para saber o tamanho ideal.
Você quer esse loop sempre um pouco mais apertado. Se ficar folgado, só o fato de se mover dentro do avião pode desalojar o pino do velame principal e o seu container pode abrir dentro do avião. Já imaginou isso acontecer com a porta aberta, prestes a sair?
Outro risco que você corre, é do vento de 240-300 kmh entrar na folga deixada entre os flaps e causar uma abertura prematura.
Uma abertura prematura pode causar lesões graves e até morte. Isso é papo sério pessoal. Vamos nos cuidar e cuidar dos nossos.
Altímetro sonoro
Agora que já cobrimos a parte do container e o que o faz ser freefly friendly, vamos falar da importância do altímetro sonoro.
Durante um salto de freefly é mais difícil de ficar olhando o altímetro toda hora e como o salto é rápido, obviamente que vamos cair por menos tempo. Se a sua base e memória muscular de barriga (belly) for construída direito, você terá mais consciência no céu quando começar a fazer freefly.
Alguns coaches recomendam o uso de dois sonoros para se criar essa memória muscular do tempo de queda livre em saltos mais rápidos. Sempre use o altímetro sonoro em saltos de freefly.
Quando devo começar a usar um altímetro sonoro?
Não existe uma regra em relação a número de saltos. Também depende da sua frequência desde que se formou no AFF. Com certeza, não antes da CAT B. A sua base e consciência de altitude tem que estar automáticos, nossa velha amiga memória muscular.
Macacão
Skydive parece um show de moda nos dias de hoje, mas ninguém quer uma camisa cobrindo o punho de comando na hora da abertura ou os punhos de desconexão e reserva no meio de uma pane. Sei que muita gente salta sem macacão, mas isso não quer dizer que essas pessoas não estejam correndo o risco. Também existe uma diferença enorme de consciência entre um atleta com milhares de saltos na hora do comando ter sua camisa cobrindo o punho e você que está apenas começando e vai entrar em pânico se isso acontecer. Quer saber outra vantagem? Quando chegar no túnel, já vai estar acostumado e vai voar bem melhor. Use um macacão.
Conclusão
Como você pode perceber, existem muitos fatores a serem analisados para estarmos seguros no céu durante saltos rápidos. Para fechar, vou listar abaixo os tópicos abordados para que você possa trocar ideia com seus amigos e instrutores. Quem sabe chegar na área no fds e checar os equipamentos juntos, colocar o elástico nos tirantes de perna, aprender um pouco mais sobre seu equipamento.
CHECK LIST |
---|
🔺Container Tamanho Tirante de perna Proteção dos pinos BOC Punhos e cobertura de tirante Exposição da bridle e tamanho do loop 🔺Altímetro sonoro 🔺Macacão |
1 comentário em “O Seu Equipamento é Freefly Friendly?”
Pingback: Closing Loops - Weareone - Artigos