Neste artigo traduzido do site da Squirrel, vamos cobrir a sua progressão no wingsuit. O que você deve esperar no curso FFC (first flight course). Se já fez o seu curso, confere se o seu instrutor cobriu todos os tópicos necessários, se ainda não fez, use esse artigo como referência e saiba o que esperar quando chegar a sua hora.
O seu FFC (um resumo do que você vai aprender)
200 saltos – parece ser um número alto quando estamos começando. Mas a realidade é que não são muitos saltos quando se trata de paraquedismo. Em alguns casos não é suficiente para se preparar mentalmente e adicionar a complexidade de se voar um wingsuit.
Voar uma asa diminui a segurança e nos tira da zona de conforto em que estamos acostumados, desde a saída do avião até a abertura do velame.
“Se puder, espere mais do que 201 saltos para iniciar.”
Para muitas pessoas, esse número é o tão esperado para começar a progressão no wingsuit. Pode ser tentador começar depois do salto 201. Adquira mais experiência. Mais saltos e mais tempo no túnel vão fazer de você um paraquedista mais seguro, voar em todos os eixos (freefly), ter mais consciência corporal e aprender mais sobre seu equipamento. Todos esses pontos contribuem para que a sua curva de aprendizado seja mais rápida quando começar a voar um wingsuit e consequentemente você será um piloto melhor.
Independentemente de quando começou ou irá começar, vamos falar dos tópicos que devem ser abordados durante o seu curso FFC (First Flight Course).
Não iremos falar detalhadamente, apenas cobrir as coisas mais importantes.
Nos próximos artigos, abordaremos hábitos a serem construídos como saída do avião, queda livre e separação na abertura. Essa primeira parte é tipo um check list para os seus primeiros saltos com um instrutor.
O seu equipamento
Voar um wingsuit requer algumas adaptações no seu equipamento para uma prática segura.
Apesar de alguns equipamentos não serem freefly friendly, se você não sabe o que isso quer dizer leia esse artigo, a maioria dos equipamentos mais novos são. Mas isso não quer dizer que eles são “wingsuit friendly”. Tenha absoluta certeza que o seu equipamento está apropriado para a prática do wingsuit.
DAA (dispositivo ativação automática)
DAAs são muito importantes para o voo de wingsuit. Não existe uma desvantagem em ter um quando voamos um wingsuit. Existem casos em que o DAA não abriu o reserva durante a perda de controle da asa, pelo fato do piloto estar caindo mais devagar ou variação de pressão em algumas áreas e a unidade não conseguir fazer a leitura de altitude corretamente. Entretanto, existem vários outros casos, em que o DAA salvou vidas e é considerado como um componente obrigatório.
- Wingsuits tem velocidades horizontais altas e o risco de colisão existe
- A possibilidade de bater no avião durante a saída também é um risco
MARD
- Wingsuit não influencia significativamente na sua decisão em usar um MARD
- MARDs são recomendados para atletas iniciantes
- Muitos pilotos de wingsuit experientes usam MARD
Reserva
- Conheça as características do seu reserva
- A carga alar do seu reserva não deve ser maior do que a do seu velame principal, ou seja, o tamanho do seu reserva não deve ser menor do que o seu velame principal
- Carga alar de 1:1 te dá a segurança de um pouso seguro em caso de perda de consciência ou colisão
Principal
- Um velame dócil é mandatório. 7 células são uma boa pedida.
- Materiais leves, semipermeáveis ajudam e muito na hora da abertura comparados com ZP (zero porosity) que é o tipo de material da maioria dos velames que você já viu.
- Carga alar não deve ser mais do que 1.3:1 (a não ser que o tamanho seja acima 170 sqft), linhas devem estar em boas condições, incluindo o trim.
Bolsa do velame principal
- A bolsa semi stowless, aquela que tem apenas duas borrachinhas, ajuda na hora da abertura. Borrachinhas criam resistência na hora da abertura e podem causar movimentos indesejados, assimetria e consequentemente twists. Pense que o vácuo/turbulência (burble) atrás do seu corpo e da sua asa é muito maior quando se voa um wingsuit.
- Se for usar uma bolsa normal, deixe cerca de 45 cm das linhas sobrando, coloque este excesso cuidadosamente no seu container. Isso faz com que a bolsa tenha mais espaço para pegar um ar limpo quando sair das suas costas, aumentando as chances de uma abertura tranquila.
Bridle
Uma bridle apropriada também é essencial. Ela tem que ser maior, cerca de 3 metros (medindo do pino até o pilotinho). Isso faz com que o pilotinho saia da área de turbulência causada pelo seu corpo e a asa juntos.
Uma bridle do tamanho normal, pode causar pilot chute in tow.
Tamanho do pilotinho
- O tamanho mínimo para o pilotinho é de 26 polegadas, de 28 a 30 é o ideal. Se não sabe o tamanho do seu, procure um rigger. A condição do pilotinho é extremamente importante para o voo de wingsuit. Pilotinho feito de ZP (zero porosity) é altamente recomendável.
- O peso e o formato do punho do pilotinho também influencia na abertura. Punhos com a bolinha e aqueles feitos de pvc pesados não são recomendados. Tem que ser leves.
- Um pilotinho bem leve, feito de fibra de carbono é uma boa pedida. A Squirrel desenvolveu um, deem uma olhada no site deles.
Modificação do container
Em um mundo perfeito, teríamos um equipamento só para wingsuit. O seu container tem 4 flaps para fechar o principal. É recomendado que o flap debaixo se abra totalmente, foto abaixo, para evitar que a bolsa não bata em nenhuma quina durante a abertura. Um master rigger pode fazer essa modificação, mas muita gente salta com a configuração normal.
Wingsuit
Seu instrutor no curso FFC tem que explicar alguns conceitos básicos como ângulo de ataque AoA; airspeed vs groundspeed; anédrico vs diédrico; configuração de corpo vs posição do corpo, a diferença entre eles e como são independentes entre pitch e ângulo de ataque.
A asa a ser usada no seu primeiro salto é uma asa de iniciante, de acordo com a classificação do fabricante.
Quando você aprender a colocar a asa no seu container, crie uma sequência lógica e procure sempre a repetição, isso cria bons hábitos. Sempre cheque os punhos, tirante de peito e tirante de pernas antes de se equipar, sem contar o seu cheque habitual.
- Cheque se os punhos estão acessíveis, seguros e se a asa não está cobrindo nada
- Cheque se o tirante de peito está pronto para ser colocado da maneira correta
- Cheque se os tirantes de pernas estão conectados com a asa e prontos para ser equipado de maneira segura
Acessórios
- Capacete é obrigatório
- Altímetro sonoro é recomendado para o voo de wingsuit. O salto é bem mais longo, o que faz com que a falta de consciência de altitude aconteça. Nós (Squirrel) recomendamos colocar o sonoro a 6500 pés para separação , 5500 pés iniciar a abertura, 2500 pés tomada de decisão (hard deck)
- Converse e ajuste as alturas com seu instrutor se necessário. Wingsuits aumentam os riscos de twists na abertura e tempo de execução nos procedimentos de emergência
- Selecione o módulo “queda lenta” no seu sonoro, se tiver
- Um altímetro visual é extremamente importante. O que usamos geralmente no punho, pode ser coberto pelo seu wingsuit. Converse com seu instrutor antes do seu curso e veja as opções oferecidas
Aprendendo a se equipar e preparação
Se equipar antes do salto irá levar mais tempo do que um salto normal. Sempre fique de olho nas chamadas do manifesto. Você vai precisar de se equipar 15-20 mins antes para simular o comando, localização dos punhos e checar tudo novamente.
Como se equipar – Container primeiro, wingsuit segundo
- Tirantes de perna
- Tirante de peito
- Esteja mentalmente preparado
- Ajustes da asa por último (zipper, bota)
- Altímetro zerado e visual (no tirante de peito ou o que for acordado com seu instrutor)
Seu instrutor deverá fazer um check completo do seu equipamento, incluindo o altímetro sonoro e as altitudes selecionadas.
Repasse todo o salto com seu instrutor, mudanças em ângulo de ataque, simulação de comando suave e direção de voo até a abertura.
Alguns pontos a serem abordados pelo instrutor:
- Ponto de saída (wingsuits saem do avião por último geralmente, localizar a dz é de extrema importância)
- Saída do avião
- Plano de voo
- 6500 pés sinalizar, checar onde você está em relação a dz, ajustar se preciso
- 5500 pés sinalizar, comandar
- Procedimentos após abertura (abrir zíperes, panes)
Antes de entrar na aeronave, outro check deve ser feito. Os seus pés devem estar calçados, zipper da perna fechada. Dentro do avião, reveja o salto com seu instrutor, converse sobre a aeronave e as configurações de saída com o wingsuit.
Antes de sair, outro cheque completo deve ser feito. Cheque seus punhos em ordem e visualize seus novos procedimentos. Tenha certeza de que seus punhos de desconexão e reserva estejam visíveis e disponíveis antes de se mover para a porta.
O voo
O seu primeiro salto, o ponto de saída (PS) será feito por você. Tenha certeza de que você localize a DZ e confirme com seu instrutor. Lembre-se, wingsuits saem por último, a DZ estará para trás da linha de voo do avião e não abaixo do avião como de costume.
Nos próximos artigos vamos falar sobre técnicas de saída entre outros tópicos que envolvem o voo de wingsuit, para todos os níveis. Mas por agora vamos cobrir apenas tópicos usados nos primeiros saltos do seu curso (FFC).
Simulação de comando
Nós recomendamos fazer 2 práticas de comando logo no início do salto, antes mesmo de fazer a primeira curva de 90 graus. Se estiver muito longe da dz, um ou mais podem ser feitos após uma curva de 90 graus.
Navegação
O seu primeiro salto será simples com um plano de voo fácil, trazendo-o de volta para perto da dz na hora da abertura do seu paraquedas. Curvas devem ser controladas e 90 graus no máximo.
Separação segura e abertura
A separação será feita um pouco mais alto, 6500 pés, uma ótima altura para checar a sua localização e ajustar se necessário para chegar mais perto da DZ. Como em todos os saltos, sinalizar antes de comandar é um ótimo hábito. Com o wingsuit, alguns instrutores pediam para os alunos abrirem e fecharem as pernas o que causava instabilidade no voo, principalmente para os novatos.
Sinalize apenas com as mãos. Já é o suficiente.
Para se ter uma abertura boa durante seus primeiros saltos, algumas coisas são básicas.
Selar controladamente, simetria na hora do comando (comande como se tivesse puxando dois pilotinhos, um de cada lado), joelhos levemente dobrados para fácil acesso a BOC e continue voando seu corpo até a abertura total do seu velame.
Os seus objetivos nos primeiros saltos de wingsuits são: saída segura; navegação controlada e precisa; comando e pousar de volta na dz.
Durante esses saltos com o instrutor e os de-briefs, você tem a chance de corrigir posição de corpo, ângulo de ataque e deve ficar confortável em fazer o PS e executar um plano de voo que não interfira com outros grupos da decolagem. Você também deve estar apto a olhar/perguntar ao piloto o ground speed (velocidade em que o avião está voando em relação ao solo) para saber se é seguro sair da aeronave naquele momento. Também terá a chance de executar vários tipos de saídas, de dentro, de fora, correndo.
Durante o salto, o instrutor terá a oportunidade de trabalhar vários exercícios com você. Ajustes horizontais e verticais, mudanças de ângulo, aproximação controlada. No final do curso, a ideia é ter uma boa noção de como voar o wingsuit de forma segura. Para que você possa começar a fazer saltos com outras pessoas e ter controle da sua asa.
No próximo artigo, vamos falar das Saidas do Avião.
Abraços.
Esse artigo foi traduzido do site da Squirrel e você pode acessar a versão em inglês clicando aqui.