Progressão no Wingsuit – Um Salto do Começo ao Fim – Parte 3

Na parte 3 dessa série de artigos traduzidos do site da Squirrel. Vamos falar de um salto de wingsuit do começo ao fim. Se você ainda não leu os dois primeiros, só clicar nos links abaixo. Existe uma ordem cronológica para que possa absorver toda a informação passada nesses artigos. Sugiro até reler os primeiros para relembrar o que foi falado.

Progressão no Wingsuit – Parte 1

Progressão no Wingsuit – Saídas do avião – Parte 2

Depois da saída, faça uma curva para sair da reta do avião.

Virando 30-45 graus, diminuímos as chances de colidir com outros atletas do nosso grupo, alguém que tenha saído instável (saídas instáveis tem uma trajetória mais vertical). E também evitamos colidir com outros grupos que estão saindo depois do nosso.

A base da formação ou os primeiros pilotos a saírem do avião devem liderar essa curva para distanciar do avião. Se o plano for sair e voar por debaixo do avião, é muito importante praticar o salto no chão e que todos os envolvidos entendam a saída, formação e curvas durante o salto.

Grupos saindo depois, devem manter separação de porta adequada e informados do plano de voo.

Exemplo: três grupos de WS saindo de um caravan. Cada grupo tem cinco pilotos. Supondo que existem três linhas de voo nessa DZ, duas do lado esquerdo da linha de voo do avião e uma do lado direito. O primeiro grupo sai do avião com o intuito de fazer uma linha para a esquerda, o segundo grupo uma linha para direita (lembrando que é um caravan, porta do lado esquerdo), o terceiro grupo segue um linha para a esquerda.

O segundo grupo, o que vai virar para direita, tem que estar atento e deve ser formado por pilotos mais experientes ou ser o menor grupo. Parece não ser complicado, mas muita gente confunde essa saída de passar debaixo do avião e virar para a direita. Em uma situação dessa, manter o plano de voo é essencial para evitar qualquer tipo de risco de colisão.

O terceiro grupo deve prestar bastante atenção e olhar se o segundo grupo está seguindo o plano de voo antes de sair da aeronave.

Aproximando da formação

Para grupos médios e grandes, uma das maiores dificuldades encontradas, ocorre quando os últimos a sair do avião se encontram acima e atrás da formação, com uma distância vertical e horizontal.

A dificuldade vai depender do glide, velocidade da formação e da habilidade do piloto de WS, mas falando de uma forma geral, é mais fácil diminuir esse gap horizontal do que o vertical.

Para aproximar verticalmente e fechar esse gap é uma manobra mais técnica. Existem várias maneiras de se fazer isso, mas é melhor se for explicado pessoalmente por um coach, com uso de vídeo para melhor compreensão. Não dá para aprender isso lendo um artigo. Mas de qualquer forma vamos cobrir alguns tópicos sobre o assunto.

1. Não mergulhe diretamente em direção a formação. Aproxime de forma segura pelo lado onde seria seu slot/lugar na formação.
2. Quando você mergulha para alcançar a formação, obviamente que está mais rápido do que a velocidade da base. Se de repente você freia, quando chegar perto da base, a tendência natural é aumentar o seu glide, subir em relação a formação. Todos os movimentos para diminuir a velocidade devem ser graduais, suaves e executados com total consciência e tendo no seu campo de visão todos os outros atletas. Quando você estiver aprendendo essas técnicas, pratique com um coach, 2 ways com pilotos mais experientes e comece a diminuir a velocidade antes do que você imagina, até aprender as características da sua asa. Assim que mudar para uma asa maior, siga essas mesmas regras básicas até criar consistência e saber onde todos estão.
3. No momento de aproximar e mergulhar para chegar na formação, mire/olhe para um lugar vazio, para trás, para baixo e para o lado do seu slot/lugar. NUNCA mergulhe diretamente para o seu slot.
4. Voe para o lado da formação e aproxime em nível. Sempre confira o espaço aéreo antes de cada movimento.

Voando o seu slot na formação

Se você consegue ver a formação, não faz parte dela. A única coisa que deve conseguir ver, são partes de algumas asas dos pilotos voando perto de você e/ou a base. Se estiver olhando para um grupo de WS montando a formação, então você está para cima e para trás, ao invés de estar dentro.

A maioria das formações tem o objetivo de voar juntos, perto um dos outros. Isso quer dizer que você precisa de referências para manter o slot o tempo inteiro. Quando falamos de referência, quero dizer a uma parte do corpo//asa de quem está voando ao seu lado. Se você pensar que vai voar do lado daquela pessoa e pronto, isso pode causar erros na hora do voo. Para referência visual: uma parte da asa, tirante de peito, calçados etc. Escolhendo um ponto de referência pequeno, reduzimos as chances de movimentos maiores.

Dicas 

Em formações mais flats/horizontais, você deve ver o tirante de peito da pessoa na sua frente. Se consegue ver o container de cima, você está alto.

Em formações onde existem atletas um em cima do outro (stacked), os pilotos que estão em cima devem ter uma visão clara dos ombros e da cabeça do piloto que é a base e devem estar olhando para baixo e para trás para conseguir vê-lo.

Navegação

A tarefa de navegar de volta para a DZ deve ser delegada a um piloto na formação, mas é de responsabilidade de todos.

O seu grupo de WS deve seguir um plano de voo; mesmo sendo o único grupo de WS na decolagem. Tandems e alunos de AFF comandam mais alto e são mais vulneráveis. 

Se você salta em uma DZ com espaço aéreo limitado, o que acontece muito, não seguir um plano de voo pode causar problemas para todos. Não se perca, siga o plano de voo, pouse de volta na DZ. Obrigado.

Saiba onde todos do seu grupo estão 

Quantas pessoas estão no salto? Onde eles estão? Com o tempo, o número de atletas no salto vai aumentar e é muito importante que cada um tenha controle do voo da asa, vai chegar num ponto onde é impossível saber onde todos estão. Mesmo em um 5 way pode ser difícil saber onde todos estão, dependendo do seu slot. Isso significa que você tem que confiar nos atletas com quem você salta, que todos mantenham direção, velocidade e controle para evitar qualquer tipo de colisão.

Pense nesses pontos na próxima vez que fizer parte de um salto bem planejado ou um salto sem planejamento algum, que tenha atletas que você não sabe quem são. Caso alguém se aproxime e peça para saltar com o seu grupo, mas ninguém o conhece, a melhor resposta seria: “Adoraríamos saltar com você, mas como a gente não se conhece, vamos conversar sobre nossa experiência e planejar um salto de acordo com nosso nível em uma outra decolagem?”

Outras disciplinas do paraquedismo levam isso a sério e com o Wingsuit não deve ser diferente. As asas podem chegar a velocidades altas, iguais ou maiores do que quando um atleta inicia no freefly e está voando de sit e de repente vira de barriga. Nós da comunidade de Wingsuit deveríamos levar isso mais a sério.

Esse artigo foi traduzido e adaptado e você pode ler a versão dele em inglês clicando aqui.

Bons saltos!