Separação entre grupos é um assunto pouco abordado, mas tão importante quanto qualquer outro tópico quando falamos de segurança no paraquedismo.
Você sabe o que determina o tempo de separação de porta entre grupos em um dia saltando na sua DZ?
Você sabe a importância e os riscos envolvidos?
Neste artigo vamos falar desses tópicos e espero que após ler esse texto, você fique mais atento e seja um paraquedista mais seguro.
A separação entre grupos tem dois objetivos:
- Dar tempo de porta para que haja separação horizontal entre os grupos e evitar o risco de colisão em queda livre e/ou na hora da abertura dos velames.
- Manter a decolagem inteira dentro de um espaço aéreo onde todos vão conseguir pousar de volta na DZ.
Como é calculado esse tempo de separação entre grupos?
Agora vamos falar um pouco da parte técnica e como os pilotos/DZs calculam esse tempo de separação. Para calcular esse tempo, os pilotos têm que saber qual o Ground Speed na reta do avião, no momento do lançamento. Na primeira decolagem isso já é visto, condições podem mudar durante o dia. Uma boa comunicação entre piloto, RTA e o staff deixa a operação redonda durante todo o dia.
Ground Speed: Velocidade que o avião viaja em relação ao chão.
Fonte: Club Jump In
Aqui vão alguns exemplos de velocidade e distância:
- 120kts de ground speed = 200 pés por segundo
- 90kts de ground speed = 150 pés por segundo
- 60kts de ground speed = 100 pés por segundo
Para criar distância o suficiente entre grupos, precisamos contar com a distância que cada atleta cobre na hora da separação no fim do salto (track). Isso quer dizer que você deve ter um espaçamento de no mínimo 900 pés (300m) entre dois grupos pequenos para evitar uma colisão na abertura. Quando adicionamos atletas separando em uma altitude mais alta, grupos de desloca e velames de alta performance, 900 pés não é o suficiente. Com tanto risco assim aumentar a distância não é uma má ideia.
Se quiser deixar pelo menos 1600 pés (530m) de separação entre dois grupos pequenos, isso quer dizer esperar cerca de 8 segundos (200 pés por segundo X 8 segundos = 1600 pés) se o avião estiver a 120kts ou 16 segundos (100 pés por segundo X 16 segundos = 1600 pés) entre saídas se o avião estiver a 60kts de ground speed. Faz sentido?
E se o vento na reta de lançamento estiver muito forte, o ground speed será ainda menor e o tempo de porta será ainda maior. Veja a segunda foto do artigo para referência.
Se você está na primeira decola do dia, seja conservador e espere mais tempo, isso sempre poderá ser corrigido nas decolagens posteriores.
Se na reta de lançamento o avião tiver um vento de cauda quer dizer que a Groundspeed será alta e a separação entre os grupos será pequena, tipo, um grupo sai e o outro imediatamente se posiciona para sair do avião.
Se o avião encontra um vento de nariz, isso obviamente faz com que a aeronave tenha um ground speed menor aumentando o tempo de separação entre grupos na reta de lançamento. É aí que temos que ficar atentos!
Temos que prestar atenção na ordem de saída também. Um vento de nariz forte e ground speed lenta vão fazer os grupos de barriga moverem muito mais (drift) em queda livre. Free flyers antes dos barrigueiros é brincar com a sorte.
Tamanho dos grupos
Outro fator a ser considerado é o tamanho dos grupos. Quanto maior o grupo, mais tempo de separação é necessário. Em grupos grandes a altitude da separação no final do salto será mais alta e consequentemente a distância horizontal coberta por esses atletas. Temos um artigo falando sobre Modo Sobrevivência. Explicando a importância da comunicação com os outros atletas da sua decolagem. Check it out!
Para atletas que saltam de Cessnas 182 ou 206, geralmente é mais tranquilo. Até o segundo 2-3 way se posicionar na porta, o avião já cobriu uma distância segura para a saída.
Se você salta de um Caravan 208, muito comum nas áreas do Brasil, fique atento ao tempo de porta. Converse com o piloto na próxima vez que estiver na área, pergunte ao RTA e aprenda.
Em várias áreas na gringa o piloto grita a ground speed em todas as retas na expectativa de que todos os atletas saibam o que estão fazendo. Ou existe um quadro na área de embarque com os ventos de camada e o ground speed do dia.
O básico é isso, fiquem atentos! Compartilhe esse artigo com a galera da sua área, troquem experiências e bons saltos!
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