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Turbulência – O Perigo Invisível

Nesse artigo vamos falar de um assunto muito importante. Muitos paraquedistas, incluindo os mais experientes às vezes esquecem dos fundamentos mais básicos.

Lá no seu curso AFF você aprendeu o que é turbulência, como ela pode afetar a performance do seu velame, os riscos e o mais importante que é como evitá-la.

Porém acontece mais vezes do que deveria de alguém se acidentar devido às condições do dia e esse tema é pouco abordado.

Neste artigo você vai encontrar :

  • O que é turbulência?
  • Tipos de turbulência
  • Como evitar
  • Navegando seu velame em turbulência

O que é turbulência?

Turbulência é o movimento irregular do fluxo de ar que pode acarretar agitações ascendentes e descendentes sobre uma aeronave/velame em voo.
Os nossos velames são bem mais afetados em condições assim por não serem uma asa rígida, como a de um avião, por exemplo. Portanto todo cuidado é pouco.

Tipos de turbulência

Fonte: Bold Method

Mecânica – esse tipo de turbulência é a mais encontrada por paraquedistas. É causada pelo fluxo de vento através de obstáculos perto do chão, sejam árvores, morros, prédios, casas.

A intensidade desse fenômeno depende muito da direção e da magnitude do vento, da rugosidade do terreno, da altura do obstáculo e da estabilidade do ar. Quanto mais perto do obstáculo, mais acentuados serão os seus efeitos. Os ventos fortes fazem com que os efeitos da turbulência sejam mantidos a maior distância.

Esse tipo de condição é a que mais afeta a nós paraquedistas quando estamos nos aproximando do pouso.

Já parou para pensar quais obstáculos têm ao redor da sua DZ e qual a direção do vento que pode vir a causar uma turbulência mecânica na hora do pouso?

Fonte: Aviation Nepal

Esteira de turbulência – conhecida na aviação como wake vortex, é o fenômeno resultante da passagem da aeronave através da atmosfera, caracterizado pela ocorrência de vórtices contra rotativos gerados nas pontas das asas. Os vórtices de aeronaves de maior porte representam perigo para a segurança da operação de aeronaves de menor porte.

Aquela velha história de pousar em uma área limpa, sem tráfego. Nossos velames produzem esse tipo de turbulência e pode ser perigoso pousar ao mesmo tempo que outros atletas.

Fonte: Anac

Termal – massas de ar que sobem de superfícies mais quentes do que outras ao redor. Pedras, areia e asfalto aquecem mais rápido do que gramados, água e vegetação. Muitas vezes quando você sai do seu ponto A para o seu ponto B e cruza uma rodovia, pode sentir um pequeno ganho de altitude ou instabilidade voando seu velame. Se um dia está muito quente e úmido, voar o seu velame pode não ser a coisa mais prazerosa que existe.

Fonte: The Indian Express

Dust Devil – esse fenômeno é formado por ventos vindo de direções e velocidade diferentes que ao se encontrarem forma rotores que podem afetar o voo do seu velame. Um mini tornado. O pesadelo de qualquer paraquedista. Geralmente encontrado em climas quentes. E conforme foto acima, vai arder.

Como evitar

Como mencionado acima, a turbulência mecânica é a mais encontrada por paraquedistas e também uma das mais perigosas. É de extrema importância que você evite áreas onde possa encontrar esse tipo de condição, seja passando por cima de algum objeto/vegetação, seja de vento de cauda, nariz, não interessa.

A quantidade de turbulência encontrada em determinada área vai depender do tamanho, formato do objeto e da velocidade do vento. Quanto mais forte, maior a área com turbulência.

Por exemplo, um vento moderado a forte vindo da direção do hangar da sua DZ. Para voar sem turbulência nessa área, considere a altura 2-3 vezes do hangar para voar sobre o mesmo e o espaço de 10 hangares para pousar depois. Se o hangar tem 9 metros de altura você quer passar acima de 18m de altura para não sofrer alterações no voo e cerca de 90m de distância para pouso. Deu para entender? Números apenas para explicar o conceito.

Isso são apenas estimativas e cada lugar tem suas particularidades.

Fonte: AOPA

Nós paraquedistas ao invés de encaramos essas situações de maneira conservadora, pensamos que isso nunca vai acontecer com a gente. Muitos querem pousar perto da área de dobragem ou onde os amigos estão assistindo. Turbulência não respeita número de saltos, quando algo acontece, as pessoas ficam surpresas. Mas como podemos ter tanta confiança que não vai acontecer com a gente se não conseguimos enxergar o vento?

A única coisa que você tem que fazer é checar a direção do vento, velocidade e analisar os obstáculos. Vento forte? Pousa longe e faz uma caminhada de volta para área de dobragem. Vento fraco? Bem provável que não encontre tanta turbulência na hora do seu pouso. Simples, não?

Navegando seu velame em turbulência

Em algumas situações seu velame pode colapsar ou perder o formato momentaneamente. Por isso, uma das maiores preocupações que nós temos é manter o velame pressurizado em condições turbulentas.

Muitos paraquedistas já escutaram, no caso de turbulência, aplique meio freio para que o velame não colapse. Isso funcionava com os modelos antigos, mas com os designs mais modernos pode acabar atrapalhando e piorando ainda mais os efeitos.

Também é importante saber que o velame pode ser altamente afetado por turbulência sem mudar o formato ou colapsar. Pode acontecer de mudar a velocidade do vento fazendo com que perca altitude ou mude de direção de voo. Tipo turbulências em aviões, bem similar na verdade.

Como em qualquer outra situação, voar o velame deve ser sua prioridade. Se de repente sentir perda de altitude, curvas indesejadas, você tem que estar preparado para agir rápido, principalmente se estiver perto do chão.

Caso isso aconteça aqui vão algumas dicas:
Lembrando que você deve sempre procurar um instrutor qualificado para trocar ideias e de tempos em tempos um curso de velame é uma ótima pedida!

  • Em caso de perda de altitude faça correções necessárias
  • Mantenha sua asa nivelada voando na direção desejada
  • Procure uma área aberta para um pouso seguro

Por exemplo se o velame de repente começa a virar para a direita depois do seu ponto C, faça correções leves, porém rápidas para esquerda com o batoque, até nivelar novamente a sua asa.
Falamos da importância em manter o velame nivelado na hora do pouso neste artigo caso não tenha lido ainda.
Se ainda tem altura retorne para linha de voo que estava planejando mas não fique focado nisso, seja prudente.

Correções leves com o batoque!

Se o velame ganhar altitude nos último segundos antes do pouso, em caso de turbulência termal, inicie o flare antes do normal.

Se sentir que está perdendo sustentação rápido, pouco antes do seu flare, incie o mesmo antes, mantenha o flare e prepare para o rolamento. Esteja sempre preparado para executar o rolamento!

Você deve estar pronto para tomar qualquer uma dessas atitudes quando se está perto do chão, perto da hora do pouso, entretanto, não é necessário reagir a qualquer turbulência sentida durante o voo quando se tem altura.

Voar seu velame no full glide (mão esticadas para cima) reduz a quantidade de turbulência que você irá sentir, diminuindo os efeitos da mesma.

Fonte: Research Gate

Conclusão

Educação e frequência de saltos são importantes para evitar acidentes relacionados a turbulência. Quanto mais você salta em uma DZ, mais familiarizado com as condições vai estar. Quando saltar em uma DZ nova preste atenção nos obstáculos, direção do vento e converse com os atletas locais, assista alguns pousos.

Preparação também é necessário, saber exatamente o que fazer antes de encontrar uma turbulência é essencial.

Existe uma frase que diz: “É melhor estar no chão desejando estar no céu, do que estar no céu desejando estar no chão.” Autor desconhecido

Bons saltos e pousos suaaaaves!

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4 comentários em “Turbulência – O Perigo Invisível”

    1. Naldo, ficamos lisonjeados em saber disso.
      Se tiver qualquer coisa que possamos ajudar, por favor, entre em contato e vamos trocar ideias.
      Toda semana no nosso instagram tem uma caixinha de perguntas para tirar dúvidas ou no nosso email info@weareoneapp.com
      Bem vindo aos céus!
      Abs,
      Equipe WeAreOne

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